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Como funciona

A má acomodação do corpo sobre o colchão é um dos fatores que influenciam negativamente a qualidade de sono das pessoas. Levando–se em consideração que, aproximadamente, 70% das pessoas adotam a postura em decúbito lateral para o repousoé de suma importância que seja considerada esta a postura principal para estudar a biomecânica da coluna vertebral e os critérios que devam ser atendidos pelo colchão para a manutenção do alinhamento vertebral durante o repouso.

Se levarmos em conta o aspecto de que o corpo estará melhor acomodado na proporção em que distribua melhor seu peso sobre um colchão, então conclui-se que a posição em decúbito dorsal seria a ideal pois estaríamos com a maior área de contato possível com o colchão. Mas mesmo assim a pressão de contato não seria igual a zero, de modo que ocorrerá a necessidade de mudança de decúbito. Tentando manter a mesma quantidade de área de contato com o colchão a primeira alternativa seria em decúbito ventral. Mas essa postura sabe-se de antemão é contra indicada devido à rotação cervical que é imposta e ao aumento da lordose lombar.

Não é difícil de entender então que uma solução, adotada quase que instintivamente pela população, com possibilidade de alternância lateral sem modificação na área de contato e com mínima mudança na orientação espacial é a postura em decúbito lateral.

Vejamos o que acontece com a coluna quando deitamos:

Em decúbito a coluna não sofre a ação da gravidade no seu sentido longitudinal de forma que a musculatura paravertebral tende a relaxar pois não há a necessidade de sustentação vertical da coluna.

Passivamente, devido ao apoio com a superfície em que se está deitado, as vértebras tenderão ao deslizamento lateral             ( mínimo) e à lateralização.

A lateralização vertebral pura em todos os segmentos da coluna é limitada pela própria configuração anatômica vertebral . Apesar da variação de caracterização das facetas e pilares articulares em cada segmento, a lateralização da coluna só é permitida quando associada ao movimento de rotação da vértebra.

Eis aqui o grande problema da má acomodação em decúbito lateral, as vértebras tendem a rotar exercendo tensão em rotação sobre os discos intervertebrais e os ligamentos longitudinais posteriores e interespinhosos.

Sabe-se que o anel fibroso do disco intervertebral possui fibras colágenas dispostas em ângulo oblíquo, de forma que ficam mais tensas em rotação.

Já os ligamentos longitudinais posteriores e os interespinhosos são ricos em inervação e pobres em vascularização, quando submetidos à tensão em rotação ocorre um processo de hipóxia local e a imediata sintomatologia.

Devido ao fato de que em decúbito lateral, a área da superfície de contato do corpo com o colchão é menor quando comparada com a postura em decúbito dorsal, e de que nesta postura a conformação corpórea proporciona que ocorram pontos de pico de pressão devido às proeminências ósseas do trocânter do fêmur e do acrômio, a distribuição do peso corpóreo não é homogêneaPara que um colchão cumpra com sua função ergonômica, se faz necessário que ele absorva a pressão exercida nos pontos críticos (quadril e ombro), evitando, se possível, pressões acima de 30 mmHg nas quais ocorre a interrupção da circulação sanguínea e ainda proporcione um suporte firme o suficiente para sustentar o peso da coluna vertebral.

Existe um outro fator a ser considerado, que é a questão antropométrica.

Imaginando uma linha reta que parta do ponto médio da distância bideltoideana até o ponto médio da distância bitrocantérica, e levando-se em consideração que estas duas distâncias diferem entre si, sendo a distância bideltoideana maior nos homens, é imprescindível que o colchão permita um maior afundamento na região dos ombros a fim de compensar essa medida diferente.

Contudo, ocorre um outro detalhe, o peso ósseo na região da cintura pélvica é maior do que na cintura escapular. Isto nos leva a um paradoxo: fazer o segmento mais leve (cintura escapular) afundar mais do que o mais pesado (cintura pélvica). Tal fato nos faz pensar que um bloco de espuma de densidade única não atende a essa demanda.

O que temos até hoje são empresas que utilizam de um sistema de configuração de colchão em várias camadas de densidades diferentes. Camadas de densidade alta na parte inferior, diminuindo progressivamente estas densidades nas camadas seguintes. Alega-se que os picos de pressão dos ombros e quadris são absorvidos pelas primeiras camadas mais macias e o peso da coluna é sustentado pelas camadas mais densas.

Esquecem de um detalhe, esta superposição de camadas é a mesma para todo o colchão de forma que tanto os picos de pressão dos ombros e quadris quanto o peso da coluna receberão a mesma resistência por parte do colchão, em qualquer região do mesmo.

 

 

 

 

 

Referências bibliográficas

 

Rocha, André Fernando da.  Configuração de colchão ortopédico com poliuretano aferido por análise fotogramétrica computadorizada .2011. 70 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologias de Materiais e Processos Industriais) – Feevale, Novo Hamburgo-RS, 2011.

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